quinta-feira, 30 de abril de 2009

Raízes do Brasil

Queridos alunos,
É com satisfação que publico o texto elaborado pela colega Márcia Perfetti em nossa primeira prova.
Os comentários de todos são bem vindos!
Rodrigo.
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Contribuição de “Raízes do Brasil” para a compreensão do Estado Brasileiro
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Márcia Christina Reis Perfetti
Aluna do 1o período do Curso de Direito – UNDB
Texto elaborado para a primeira avaliação da disciplina Ciência Política
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A obra “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda tenta realizar uma arqueologia nacional em busca da identidade do brasileiro. Estuda origens e condutas da vida privada e seus reflexos na vida pública do brasileiro. Ele inicia sua análise na colonização do país, estudando os valores do colonizador ibérico e como estes valores vão contribuir para a identidade nacional.
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O primeiro valor apontado é o culto à personalidade, o culto à fidalguia e à distinção que inaugura a mentalidade das hierarquias pré-estabelecidas e dificulta a visão de igualdade que um povo que vai inaugurando sua história necessita para se identificar. Vai se fundando a mentalidade personalista, que impõe sua autoridade através da obediência.
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Outro traço social mencionado pelo autor é a tendência aventureira desse primeiro colonizador. O português é avesso ao trabalho. Holanda se utiliza da classificação dos tipos-ideais de Weber e demonstra que a mentalidade da aventura visa ao enriquecimento fácil e rápido. De acordo com essa mentalidade, a colonização não foi um ato planejado, mas feita às pressas, sem projeto. Houve no Brasil antes feitorias que colônias, marcadas pelo latifúndio e trabalho escravo. A aventura leva à adaptação, que segundo o autor, pode ser observada nos traçados das primeiras cidades, que são construídas de acordo com o relevo.
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A formação de latifúndios leva a uma ruralização da sociedade e seus valores se manifestam em seu núcleo: a família, primeiro espaço de socialização. O apego dos brasileiros aos valores familiares o torna emotivo e irracional nas outras esferas da vida em sociedade. Os valores rurais e patriarcais ultrapassam a esfera familiar e atingem a vida pública. A coisa pública é a extensão da família.
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A impessoalidade e a livre concorrência, valores da vida pública, são desconsideradas nesse funcionalismo patriarcal ou familismo amoral. Vida privada e valores públicos não se diferenciam e é aí que se observa a grande contribuição sociopolítica de “Raízes do Brasil”: a identidade do brasileiro como o homem cordial. Segundo as palavras do autor:
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Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definitivo do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal (Holanda, 1995).
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O apego ao valores da afetividade, a incapacidade de separar o público do privado, o distanciamento dos rituais e a falta de polidez e civilidade geram o homem cordial. O homem cordial existe nos outros, ou seja, sua existência só possui sentido se estiver emocionalmente inserido na sociedade.
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Esta vontade de tudo transformar em proximidade, de tudo atribuir valor emocional impedem que a vivência pública no Brasil seja desprovida de “vícios”, como o clientelismo e o nepotismo.
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Mesmo quando a urbanização se acentua, a partir do século XIX e quando mudanças políticas vão se orquestrando e tentando realizar uma mudança no cenário nacional, predominam os valores do homem cordial. Este impede o progresso político brasileiro e para o autor, até “a Democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido” (Holanda, 1995). Ainda sobre a democracia completa sua análise histórica:
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Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus direitos e privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, ao alvo da luta da burguesia contra os aristocratas. E assim puderam incorporar à situação tradicional, ao menos como fachada ou decoração externa, alguns lemas que pareciam os mais acertados para a época e eram exaltados nos livros e discursos (Holanda, 1995).
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Embora Holanda não ofereça soluções para mudanças sociais e políticas no Brasil, ele explica muito bem as razões do atraso e da estagnação.
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REFERÊNCIA
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

5 comentários:

  1. Professor, o senhor não vai mais fazer prova?
    porque eu sou timido, e mesmo sabendo falar sobre o texto, não me sinto a vontade em comentá-lo em sala de aula...

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  2. Camarada!
    Largue essa timidez de mão.
    Vou te dar duas opções:
    1. preparar sua participação e ler quando eu te chamar em sala de aula, é um bom recurso para os tímidos e vai te ajudar a superar os bloqueios;
    2. preparar sua participação e postar como comentário aqui no blog.
    Em ambos os casos, levarei a sua produção em conta na avaliação e você não vai ficar com nota baixa.
    Precisando, fique à vontade pra falar comigo ou mandar um e-mail.

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  3. Caro colega queria lhe ajudar com esse seu problema de timidez...pois também já fui muito tímido.
    Primeiro vamos começar banindo o sentimento de derrota, não há nada de errado em não ser tão chato quanto alguns falantes. Largar a timidez deve ser uma decisão exclusivamente sua, para que seja bem sucedida, também é preciso estabelecer até onde você que ir, por exemplo, se tornar o popular da escola ou apenas conseguir apresentar trabalhos de classe sem grandes problemas, você também pode escolher ficar entre os dois primeiro, só depende de você e do que você realmente quer... então vamos as dicas:

    1ª - Modifique o seu comportamento aos poucos, respeitando seus limites e suas metas.

    2ª - Descubra o momento em que a timidez "chega" e quando isso tornar acontecer mantenha a calma e tente agir de maneira oposta. [Caso não consiga, não se culpe, é algo perfeitamente normal, nem todos acertam de primeira, pense positivo!]

    3ª - Pare de ser apenas ouvinte nas conversas, seja também participante! Faça um comentário, uma pergunta, de uma resposta, não importa como você participou e sim que você participou.

    4ª - Não tema o fracasso! Seja você mesmo!

    5ª - Não fique pensando coisa do Tipo "O que estão achando de mim?" O importante é fazer a sua parte, se a galera não gostar de você, eles não valiam apenas, você vai achar sua turma !

    6ª - Deixe o seu corpo leve, permita que se aproximem de você, seus braços e pernas devem ficar soltos e as suas mãos precisam estar relaxadas.

    7ª - Olhe as pessoa nos olhos com segurança, você não precisa temê-las e nem assustá-las

    8ª - Ao se aproximar das pessoas Sorria

    9ª - Mantenha a coluna reta [isso é muito importante, mostra que você está seguro de si]

    Acabar com a timidez também significa recuperar a auto-estima, para isso é preciso cultivar uma imagem positiva, isso é para garantir que você não vai se entristecer ao encontrar decepções, fofoca e comparações. Então aew vai dicas como ter ou recuperar a auto-estima:

    1ª - Cuide de si mesmo em todas as situações.

    2ª - Respeite seus próprios limites.

    3ª - Não tente agradar aos outros antes de agradar a si mesmo

    4ª - Se aceite como você é.

    5ª - Aprenda com seus erros em vez de ficar se culpando por eles.

    6ª - Valorize seus acertos, qualidades e talentos.

    7ª - Não caia na armadilha da perfeição absoluta.

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  4. Muito bem!!
    O Marlon já pode abrir um consultório.
    Obrigado por compartilhar essas dicas conosco.
    Rodrigo.

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